Alguns cientistas têm argumentado que alguns seres vivos devem ter surgido em mares rasos e quentes como proposto por Oparin e Haldane, pois a superfície terrestre na época em que a vida surgiu era um ambiente muito instável. Meteoritos e cometas atingiam essa superfície com muita frequência e a vida primitiva não poderia se manter em tais condições.
Richard
Fortey (1997), em seu livro Vida: uma
biografia não autorizada, escreveu que logo no início da formação da Terra
meteoritos colidiam fortemente com a superfície terrestre e a energia dessas
colisões era gasta derretendo ou até mesmo vaporizando a superfície rochosa. Os
meteoritos fragmentavam-se e derretiam, contribuindo com sua substância para a
Terra em crescimento. Um impacto especialmente violento pode ter gerado a Lua,
que guarda até hoje em sua superfície o registro desse período, apagado pelo
tempo e pela erosão na superfície da Terra. O autor escreve que “meteoritos são
fragmento rochosos de história congelada no tempo, nômades dos dias
primordiais. A maioria se queima até desaparecer quando entra na atmosfera
terrestre atual e brilha no céu como estrelas cadentes. Nos primórdios da
Terra, os meteoritos eram maiores, mais numerosos e mais frequentes”.
Alguns
cientistas especulam que os primeiros seres vivos não poderiam ter sobrevivido
a esse bombardeio cósmico, e propõem que a vida tenha surgido me locais mais
protegidos, como o assoalho dos mares primitivos.
Em
1977, foram descobertas nas profundezas oceânicas as chamadas fontes termais submarinas, locais de
onde emanam gases quentes e sulfurosos que saem de aberturas no assoalho
marinho. Nesses locais a vida é abundante. Muitas bactérias que aí vivem são
autótrofas, mas realizam um processo muito distinto da fotossíntese. Onde essas
bactérias vivem não há luz e elas são a base de uma cadeia alimentar peculiar.
Elas servem de alimento para alguns animais ou então são mantidas dentro dos
tecidos deles numa relação de mutualismo, que é um tipo de simbiose. Nesse
caso, tanto os animais quanto as bactérias se beneficiam: elas têm proteção
dentro do corpo do animal, e estes recebem alimentos produzidos pelas
bactérias.
A
descoberta das fontes termais levantou a possibilidade de que a vida teria
surgido nesse tipo de ambiente protegido e de que a energia para o metabolismo
dos primeiros seres vivos teria ocorrido por um mecanismo autotrófico
denominado quimiossíntese. Alguns cientistas acreditam que os primeiros seres
vivos foram bactérias, que obtinham energia para o metabolismo a partir da
reação entre substâncias inorgânicas, como fazem as bactérias encontradas
atualmente nas fontes termais submarinas e em outros ambientes muito quentes
(cerca de 60 a 105 º C) e sulfurosos. Segundo essa hipótese, parece que toda a
vida que conhecemos descende desse tipo de bactéria, que devia ser autotrófica.
Os
que argumentam a favor dessa hipótese baseiam em evidências que sugerem
abundância de sulfeto de hidrogênio (gás sulfídrico – H2S, que tem
cheiro de ovo podre) e compostos de ferro na Terra primitiva. As primeiras
bactérias devem ter obtido energia de reações que envolvessem esses compostos
para a síntese de seus compostos orgânicos.
Algumas
bactérias que vivem atualmente em fontes quentes e sulfurosas podem realizar a
reação química a seguir, que pode ter sido a reação fundamental fornecedora de
energia para os primeiros seres vivos:

sulfato gás sulfeto hidrogênio
de ferro hidrogênio de ferro
A
energia liberada por essa reação pode ser usada pelas bactérias para quebrar o
CO2 do meio e aproveitar o carbono na produção de compostos
orgânicos essenciais para a vida.
Assim,
segundo essa hipótese, a quimiossíntese – um processo autotrófico – teria
surgido primeiro . Depois teria surgido a fermentação, a fotossíntese e
finalmente a respiração como os eucariontes.
Estes seres
procariontes, representados pelas arqueobactérias, eubactérias e cianobactérias,
tinham atividades metabólicas bastante diversificadas.
O aspecto da
organização celular dos Moneras também
deve ser estudada nos seus pequenos detalhes que estão enumerados abaixo:
Membrana
plasmática – lipoprotéica
Parede
celular – peptidoglicano
DNA –
cromatina ou nucleóide
Ribossomos
livres – síntese protéica
A primeira
fotossíntese que surgiu foi realizada pelas sulfobactérias, liberando enxofre
no meio devido a fotólise do H2S.


Com a fotólise da água ocorre produção de O2, ocorre
lentamente o surgimento dos seres aeróbicos, posteriormente a camada de ozônio
e o surgimento dos seres terrestres.