Núcleo - Meiose




CICLO CELULAR DA MEIOSE

MUTAÇÕES CORMOSSÔMICAS NUMÉRICAS
 Qualquer modificação que interfira no número ou na estrutura dos cromossomos de uma célula é chamada mutação cromossômica, ou aberração cromossômica. As mutações cromossômicas podem ser classificadas em mutações numéricas, em que há alteração no número de cromossomos de célula, e mutações estruturais, em que há alteração na forma ou no tamanho de um ou mais cromossomos da célula.
As mutações numéricas são, ainda, subdivididas em aneuploidias e euploidias. Nas aneuploidias, tem-se um aumento ou uma perda de um ou mais cromossomos; já nas euploidias, o aumento ou a perda será em lotes cromossômicos completos, também conhecidos como genomas. As aneuploidias são consequências de erros na distribuição dos cromossomos durante a divisão celular. Geralmente são causadoras de distúrbios, como, por exemplo, a síndrome de Down, provocada pela trissomia do cromossomo 21; a síndrome de Turner, causada pela monossomia do cromossomo sexual X; e a síndrome de Klinefelter, provocada pela trissomia que envolve os cromossomos sexuais.

Alterações no número de cromossomos
Origem das Aneuploidias
As aneuploidias podem se originar de anomalias ocorridas na meiose (isto é, serem pré-zigóticas) ou nas mitoses do zigoto (pós-zigóticas).
Quando a não-segregação é pré-zigótica, ela pode ter ocorrido na espermatogênese ou na ovulogênese. Na origem de indivíduos com dois cromossomos X e um Y, a contribuição feminina é maior do que a masculina; por outro lado, 77% dos casos onde há apenas um X tem origem em erros ocorridos na espermatogênese. Nas aneuploidias autossômicas, a influência da idade materna leva a supor que a participação feminina é maior do que a masculina. As aneuploidias produzidas por erros na mitose do zigoto ou na segmentação dos blastômeros são menos frequentes.
As aneuploidias devem-se à não separação (ou não-segregação) de um (ou mais) cromossomo(s) para as células-filhas durante a meiose ou durante as mitoses do zigoto A não-segregação na mitose decorre do não-rompimento do centrômero no início da anáfase ou da perda de algum cromossomo por não ter ele se ligado ao fuso. A não-segregação na meiose é devida à falhas na separação dos cromossomos ou das cromátides, que se separam ao acaso para um polo ou outro. Na meiose a não-segregação tanto pode ocorrer na primeira divisão como na segunda. No primeiro caso, o gameta com o cromossomo em excesso, em lugar de ter apenas um dos cromossomos de um dado par, ou seja, terá um cromossomo paterno e um materno. No segundo, o gameta com o cromossomo em excesso terá dois cromossomos paternos ou dois maternos, por exemplo.

 
Quando em consequência desses processos de não-segregação falta um cromossomo de um dado par, isto é, quando o número de cromossomos da célula é 2n - 1, diz-se, que a célula apresenta monossomia para este cromossomo. Se faltam os dois elementos do mesmo par 2n - 2, tem-se nulisomia. Se, pelo contrário, houver aumento do número de cromossomos de um determinado par, a célula serápolissômica para o cromossomo em questão; ela será trissômica, tetrassômica, pentassômica etc., conforme tiver 1, 2 ou 3 cromossomos a mais, sendo, nesses casos, o seu número cromossômico designado por (2n + 1), (2n + 2), (2n + 3).

Aneuploidias dos cromossomos sexuais

Síndrome de Klinefelter

São indivíduos do sexo masculino que apresentam cromatina sexual e cariótipo geralmente 47 XXY. Eles constituem um dentre 700 a 800 recém-nascidos do sexo masculino, tratando-se, portanto; de uma das condições intersexuais mais comuns. Outros cariótipos menos comuns são 48 XXYY48 XXXY49 XXXYY49 XXXXY que, respectivamente, exibem 1, 2. e 3 corpúsculos de Barr.
 
Embora possam ter ereção e ejaculação. são estéreis, pois seus testículos são pequenos e não produzem espermatozoides devido à atrofia dos canais seminíferos. Outras características muitas vezes presentes são: estatura elevada corpo eunucoide, pênis pequeno, pouca pilosidade no púbis e ginecomastia (crescimento das mamas).
 
Síndrome do triplo X ou Super fêmea
Mulheres com cariótipo 47 XXX ocorrem numa frequência relativamente alta: 1 caso em 700 nascimentos aproximadamente. Elas apresentam fenótipo normal, são férteis, mas muitas possuem um leve retardamento mental. Apresentam corpúsculo de Barr. 
Os casos de mulheres 48 XXXX e 49 XXXXX são raros e se caracterizam por graus crescentes de retardamento mental.
Síndrome do duplo Y ou Super macho
 
Indivíduos com cariótipo 47,XYY ocorrem com a frequência de 1 caso por 1.000 nascimentos masculinos.
Embora sejam, na maioria, homens normais, os primeiros estudos sugeriam que entre eles ocorria uma frequência extremamente alta de pacientes retardados mentalmente e com antecedentes criminais; tais estudos revelaram que cerca de 2% dos pacientes Internados em instituições penais e hospícios tinha este cariótipo, o que mostrava serem os indivíduos XYY internados 20 vezes mais numerosos (em lugar de 1 por mil, 2% corresponde a 20 por mil) do que na população livre.

No entanto, os mesmos dados revelaram que 96% dos indivíduos XYY são normais. Deste modo, tornam-se necessárias pesquisas mais amplas antes de se relacionar essa constituição cromossômica particular com determinados traços anormais de comportamento; é especialmente importante evitar uma interpretação Ingênua relacionada com um “cromossomo do crime”. Uma característica física bem evidente dos XYY é a estatura elevada, pois eles geralmente têm mais de 180 cm, ou seja. são 15cm mais altos do que a média dos indivíduos masculinos cromossomicamente normais.
Podemos sugerir que genes localizados no cromossomo Y elevam a estatura e predispõem seus portadores para comportamentos inesperados; de fato, o perfil psicológico do indivíduo XYY inclui imaturidade no desenvolvimento emocional e menor inteligência verbal, fatos que podem dificultar seu relacionamento interpessoal. Um fato digno de nota é que os pacientes institucionalizados, tanto XY como XYY, exibem uma taxa de testosterona aumentada, o que pode ser um fator contribuinte para a inclinação anti-social e aumento de agressividade. 
Síndrome de Turner (XO)
É uma monossomia na qual os indivíduos afetados exibem sexo feminino mais geralmente não possuem cromatina sexual. O exame de seu cariótipo revela comumente 45 cromossomos, sendo que do par dos cromossomos sexuais há apenas um X; dizemos que esses indivíduos são XO (xis-zero), sendo seu cariótipo representado por 45 X. Muitas dessas concepções terminam em aborto; é provável que 97% desses conceitos sejam eliminados chegando a termo apenas 3%, de modo que essa monossomia constitui uma das causas mais comuns de morte Intra-uterina. Por isso é uma anomalia cromossômica rara, atingindo apenas 1 entre 3000 mulheres normais. 
Trata-se, fundamentalmente, de mulheres com disgenesia gonadal, isto é, cujos ovários são atrofiados e desprovidos de folículos; portanto, essas mulheres não procriam, exceto em poucos casos relatados de Turner férteis, em cujos ovários certamente há alguns folículos.

Devido à deficiência de estrógenos elas não desenvolvem as características sexuais secundárias ao atingir a puberdade, sendo, portanto, identificadas facilmente pela falta desses caracteres; assim, por exemplo, elas não menstruam (isto é, têm amenorreia primária). Quando adultas apresentam geralmente baixa estatura, não mais que 150 cm; infantilismo genital – clitóris pequeno, grandes lábios despigmentados, escassez de pelos pubianospelve androide, isto é, masculinizada; pele frouxa devido à escassez de tecidos subcutâneos, o que lhe dá aparência senil; unhas estreitas; tórax largo e em forma de barril; alterações cardíacas e ósseas. No recém-nascido frequentemente há edemas nas mãos e nos pés, o que leva a suspeitar da anomalia.
As primeiras observações realizadas com indivíduos severamente afetados associavam a síndrome de Turner algum grau de deficiência mental. Posteriormente ficou evidente que estas pacientes têm um desenvolvimento cognitivo alterado apenas qualitativamente, pois elas possuem uma inteligência verbal superior à das mulheres normais, compensando, assim, as suas deficiências quanto à percepção forma-espaço. Disto resulta que o nível intelectual global das Turner é igual ou, mesmo, levemente superior ao da população feminina normal. 
Por outro lado, não exibem desvios de personalidade, o que significa, inclusive, que sua identificação psicossexual não é afetada.  Em decorrência da disgenesia ovariana, a única fonte de estrógenos para essas pessoas são as supra-renais; como a taxa desses hormônios é baixa, as pacientes devem receber aplicações de estrógenos para estimular o desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários e o aparecimento da menstruação. Usualmente esse tratamento tem início aos 16 anos para evitar que os estrógenos aplicados retardem ainda mais o crescimento.
CICLO CELULAR
 
INTÉRFASE E MEIOSE

LOCAL ONDE OCORRE
Nos homens nos canais seminíferos e nas mulheres nos ovários
meiose é caracterizada pela redução do número de cromossomos à metade nas quatro células filhas resultantes. A redução cromossômica é decorrente de uma única duplicação cromossômica seguida por duas divisões nucleares sucessivas, a meiose I e a meiose II.
A meiose I é reducional, pois reduz à metade o número de cromossomos e é dividida pelas seguintes fases: prófase I, metáfase I, anáfase I e telófase I. Enquanto a meiose II é equacional já que o número de cromossomos das células que sofrem a divisão é igual nas células que se originam. As fases desta etapa são denominadas: prófase II, anáfase II, metáfase II e telófase II.
1.  Meiose I
2.  Meiose II
Meiose I
Prófase I
prófaseI é uma fase longa e complexa e por este motivo é subdividida em cinco subfases consecutivas: leptóteno, zigóteno, paquíteno, diplóteno e diacinese. A prófase I é iniciada pela condensação dos cromossomos duplicados na interfase – fase na qual a célula atinge sua maior atividade metabólica quando ocorre a duplicação do DNA (período S).  Essa descrição corresponde ao leptóteno.
Em seguida, à medida que os cromossomos homólogos duplicados se condensam, eles se vão se emparelhando ao longo de todo o comprimento (zigóteno). O pareamento dos pares de homólogos se completa e estes encontram-se espessos, já que os filamentos estão muito condensados, caracterizando a subfase paquíteno. Assim, inicia-se a permutação ou crossing-over – quebra de cromátides homólogas seguida pela troca de pedaços e a remontagem da parte trocada.
Esse fenômeno possibilita uma grande variabilidade genética, o que lhe confere extrema importância. No diplóteno, os cromossomos homólogos começam a se separar, no entanto, ainda encontram-se unidos nos pontos das cromátides em que aconteceram as permutações.
Esses pontos dão origem a figuras em forma da letra X, denominadas quiasmas. A prófase I termina com a máxima condensação de cada cromossomos – ainda presos a seu homólogos pelos quiasmas – e o deslocamentos destes em direção às extremidades do citoplasma.
Metáfase I

Na metáfase I, há a desintegração da membrana nuclear (carioteca) e os pares de cromossomos homólogos que ainda são mantidos pelos quiasmas, se dispõem na região equatorial da célula de forma que os homólogos de cada par fiquem voltados para polos opostos na célula.
Anáfase I
anáfase I é caracterizada pelo deslocamento dos cromossomos homólogos para polos opostos na célula. Neste caso, diferentemente da mitose, as cromátides irmãs não se separam, o que ocorre é a separação dos cromossomos homólogos, indo cada par dos cromossomos duplicados (constituídos por duas cromátides unidas pelo centrômero) para cada polo.
Telófase I
Quando os cromossomos duplicados chegam ao pólo, inicia-se a telófase I. Em seguida, os cromossomos se descondensam, a carioteca e os nucléolos reaparecem e ocorre a citocinese – divisão do citoplasma que origina duas células filhas, que por não possuírem pares de homólogos, são células haploides caracterizando uma divisão reducional.
O intervalo entre a primeira e a segunda divisão da meiose é denominado de intercinese. É um período muito curto, assim as duas células resultantes da divisão I logo entram, ao mesmo tempo, na segunda divisão. É importante ressaltar que antes de iniciar a meiose II não há outra duplicação de DNA. No final da segunda divisão, o número de cromossomos não se reduz, por isso que esta divisão é chamada de equacional.
Meiose II
Prófase II

Na meiose II, a prófase II inicia-se pela condensação dos cromossomos, desaparecimentos dos nucléolos e migração dos centros celulares para polos opostos da célula. O término dessa etapa é marcado pela desintegração da carioteca e pelos cromossomos encontrarem-se espalhados pelo citoplasma.

Metáfase II
A metáfase II, os cromossomos, unidos pelo centrômero, organizam-se no polo equatorial da célula, voltando as cromátides para polos opostos da célula. Essa etapa é finalizada pela divisão do centrômero e, consequentemente, a separação das cromátides irmãs.

Anáfase II
Na anáfase II, as cromátides irmãs são puxadas para polos opostos da célula.

Telófase II
A segunda divisão é concluída com a telófase II, etapa na qual os cromossomos se descondensam, há o reaparecimento dos nucléolos e a carioteca se reintegra. Em seguida o citoplasma se divide resultando quatro células-filhas. Leia também!

PARA NÃO ESQUECER
 A variabilidade genética existente entre os organismos das diferentes espécies é muito importante para a ocorrência da evolução biológica. Sobre essa variabilidade é que atua a seleção natural, favorecendo a sobrevivência de indivíduos dotados de características genéticas adaptadas ao meio. Quanto maior a variabilidade gerada na meiose, por meio de recombinação gênica permitida pelo crossing-over, maiores as chances para a ação seletiva do meio.