Pela primeira vez, pesquisadores brasileiros fizeram um sequenciamento genético completo do vírus da zika em um caso de microcefalia e descobriram que o vírus que circula no Brasil é igual ao que provocou um surto de microcefalia na Polinésia Francesa, há três anos.
O estudo publicado na revista científica internacional The Lancet Infectious Diseases é mais uma peça no quebra-cabeças para entender o vírus que vem espalhando preocupação pelo mundo.
Os pesquisadores brasileiros encontraram o vírus da zika no líquido amniótico de duas mulheres da Paraíba, grávidas de bebês com microcefalia. Uma das grávidas teve sintomas de zika na 10ª semana de gestação, a outra, na 18ª. O líquido amniótico só foi coletado quando elas estavam com 28 semanas. Mais de dois meses depois da infecção das mães, os pesquisadores ainda encontraram nas amostras uma grande quantidade de vírus da zika ativos.
“Se existe uma correlação direta do zika com microcefalia eu não tenho como afirmar ainda. A única coisa que eu posso afirmar pra vocês é que, através da metodologia que nós usamos, que é capaz de identificar vários microrganismos dentro de uma amostra clínica, dentro de um paciente, é que o que eu encontrei na maior quantidade foi o zika vírus”, afirma Ana Bispo, pesquisadora da Fiocruz.
Eles também conseguiram montar toda a sequência genética, o DNA, a identidade completa do vírus da zika. É a primeira vez que os pesquisadores fazem o sequenciamento genético completo do vírus da zika ligado a um caso de microcefalia no Brasil. Ele é idêntico ao que circulou na Polinésia Francesa em 2013. E mais: ele não é só parecido com o vírus da dengue, ele tem mais semelhanças ainda com o vírus da febre amarela e da encefalite japonesa, uma doença para qual já existe vacina.
Para os cientistas, essa semelhança pode abrir novos caminhos para a pesquisa. “Ele dá quadro de encefalite, ele tá associado a abortos. Seria interessante investigar se os anticorpos para o vírus da encefalite japonesa são capazes de neutralizar o zica vírus”, explica a pesquisadora.
Na Polinésia Francesa foram registrados, pelo menos, 17 casos de microcefalia. Já o vírus encontrado nas mulheres da Paraíba é diferente do vírus da África, onde não há notícias de surto de bebês com malformação no cérebro. Descobrir a identidade e o parentesco do vírus da zika com outros em circulação é mais um passo na busca de respostas.
O estudo foi feito por pesquisadores da Fiocruz, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, e do Instituto de Pesquisa Professor Joaquim Amorim Neto, na Paraíba.
Notificação
O Ministério da Saúde incluiu, nesta quinta-feira (18), o vírus da zika na lista nacional de doenças com notificação obrigatória. Isso significa que os profissionais de saúde das redes pública e particular são obrigados a informar às autoridades de saúde os casos de doença e morte pelo vírus da zika.
O Ministério da Saúde incluiu, nesta quinta-feira (18), o vírus da zika na lista nacional de doenças com notificação obrigatória. Isso significa que os profissionais de saúde das redes pública e particular são obrigados a informar às autoridades de saúde os casos de doença e morte pelo vírus da zika.
A notificação vai ser feita semanalmente quando houver suspeita ou confirmação da doença, mas nos casos de gestantes ou mortes com suspeita de zika, a notificação tem que ser feita em, no máximo, 24 horas. A dengue e a chikungunya já estavam na lista de notificação obrigatória.
Cientistas fazem sequenciamento genético completo do vírus da zika
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Oleh
josé