terça-feira, 24 de maio de 2016

Bactérias poderão matar 27 mil pessoas por dia em 2050

Você já deve ter ouvido falar que não devemos abusar dos antibióticos por conta da resistência que as bactérias desenvolvem aos medicamentos, certo? O problema, no entanto, é bem mais sério do que parece e poderá alcançar proporções catastróficas até 2050.
Isso porque o uso dessas drogas está aumentando mundo afora e, de acordo com uma análise encomendada pelo governo britânico, a resistência antimicrobiana deverá causar a morte de milhões de pessoas nos próximos anos e causar um impacto econômico global na ordem de US$ 80 trilhões anuais — além de dar origem a um time de bactérias assassinas para as quais não temos remédio.

De volta à era das trevas

Segundo o relatório, elaborado sob o comando do renomado economista Jim O’Neill, as mortes provocadas pela resistência aos antibióticos já somam 700 mil ao ano. Todavia, as projeções apontaram que, até 2050, um número estimado em 10 milhões de pessoas poderá perder a vida anualmente — o que seria equivalente a um falecimento em cada três segundos.
De acordo com O’Neill, se a questão não for solucionada em tempo, veremos tanta gente morrendo que será como voltar à era das trevas, vivida durante a Idade Média. Para evitar que essa catástrofe se concretize, os responsáveis pelo relatório sugerem que uma série de medidas sejam adotadas o antes possível, começando pela recomendação de que as pessoas parem de tomar antibióticos como se eles fossem “balinhas”.

Medidas urgentes

Os responsáveis pelo relatório orientam que os governos elaborem campanhas de conscientização para informar a população sobre os riscos relacionados com o uso de antibióticos. Eles ainda recomendam o desenvolvimento de novos testes para estabelecer a real necessidade de prescrição desses medicamentos e qual é o nível de resistência, e a criação de um fundo global seja para o financiamento de pesquisas na área.
Além disso, o relatório sugere que haja incentivo para o uso de vacinas e drogas alternativas no lugar de antibióticos, e que a indústria farmacêutica seja pressionada a se tornar mais participativa. Para isso, a ideia é que os grandes laboratórios sejam forçados a conduzir pesquisas e desenvolver novas drogas ou, então, financiar os ensaios clínicos de outras companhias. Mas as advertências não se limitam apenas à parte burocrática da coisa.
Segundo o documento, é de extrema importância melhorar o acesso ao saneamento básico, à água e a hospitais mais limpos para prevenir que infecções se espalhem. O relatório também aponta que o uso de antibióticos na agricultura deve ser controlado — e que as substâncias que oferecem risco aos humanos precisam ser completamente banidas.

Questão de vida ou morte

De acordo com o relatório, desde a década de 80 nenhum novo antibiótico foi descoberto e, de lá para cá, os patógenos responsáveis por doenças como a tuberculose, por exemplo, estão se tornando gradualmente mais resistentes às drogas. Segundo as previsões, se nada for feito, um simples corte no dedo poderá oferecer risco de morte no futuro, e os tratamentos para doenças corriqueiras — como as infecções de urina — serão gravemente comprometidos.
O problema é que faltam incentivos para que as indústrias farmacêuticas desenvolvam novos antibióticos, já que os medicamentos teriam que ficar “guardados” nas prateleiras dos laboratórios até que haja necessidade de usá-los — e isso não ajuda em nada a pagar o enorme investimento necessário para a criação dessas drogas.
Sendo assim, os alertas e recomendações apresentados pelo relatório são um importante passo. Agora cabe aos governos, organizações de saúde, companhias farmacêuticas e a classe médica dialogar e encontrar formas de evitar que esse “apocalipse antibiótico” aconteça. 

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Oleh

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