Ainda mais rigorosa, a nova regulamentação da Lei Seca (Lei 11.705 ) brasileira vai exigir cuidados até de quem não bebe. As pessoas sempre tem dúvidas do que poderia acusar no teste do bafômetro, uma delas é sobre o mais polêmico dos antissépticos bucais, o Listerine® que contém álcoois em sua composição numa concentração elevada (21%). Será que um gargarejo com Listerine® pode nos mandar para a delegacia?
Leandro Duarte de Carvalho, especialista em medicina legal e perícia médica de Minas Gerais submeteu 11 jornalistas a testes com etilômetro aferido pelo Inmetro, depois de consumir diferentes tipos de substâncias, comprovando que a quantidade de álcool expirada por nove deles configuraria, pela lei, infração ou crime de trânsito.
Os resultados foram surpreendentes. A concentração de álcool pelo uso do Listerine® em uma mulher de 27 anos se assemelha, em um primeiro exame, à de um homem de 34 anos que ingeriu uma dose de cachaça. Isso indica concentração superior a 2 miligrama de álcool por litro de ar expelido. Pela nova legislação o limite tolerado é de 0,05 mg/l, com desconto de 0,04 mg/l, considerado margem de erro do aparelho. Para crimes de trânsito, a concentração deve ser superior a 0,30 mg/l (já descontando a margem de erro). Ou seja: o antisséptico testado apontaria no motorista limite quase sete vezes superior ao considerado crime.
Se isso acontecer, o condutor pode explicar que fez uso de antisséptico bucal, os policias já estão orientados a dar a oportunidade de o motorista refazer o exame entre 15 e 20 minutos depois. O álcool dos enxaguantes bucais deixa de ser acusado no bafômetro entre 10 e 20 minutos após consumido. Além disso, a quantidade de álcool também não causa alterações no organismo, já que, é rapidamente absorvida e não afeta o funcionamento das células nervosas. Mas se mesmo assim, a concentração não zerar, ou seja, se o bafômetro apresentar concentração superior a 0,01, já com a margem de erro descontada, essa pessoa será enquadrada no mínimo em infração de trânsito.
Um teste realizado pela Revista Tudo Tem, colocou pessoas para fazerem uso de comida, medicamentos e antissépticos bucais e, depois soprarem o bafômetro. Lucilene Rodriguêz, 28, assistente técnica, foi responsável pelos gargarejos com o antisséptico bucal Listerine®. Ao fazer bochechos com um único copinho do produto e soprar o bafômetro logo em seguida, o resultado foi de 1,61 mg/l. A concentração de álcool na boca seria suficiente para Lucilene ser presa. Mas o que vale é o resultado registrado depois de 15 minutos do gargarejo, quando o álcool já saiu da boca. E, só então, não houve qualquer resquício de álcool no sangue de Lucilene.
Para quem acha o Listerine® um produto interessante de seu usar sempre, existe a versão sem álcool que não irá acusar nada no bafômetro.
Um gargarejo com Listerine® pode complicar você com o bafômetro da polícia
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Oleh
josé