A revista Vangardist lançou este mês uma edição limitada de três mil exemplares impressos com tinta misturada a 150 mililitros de sangue doado por três portadores de HIV. Cada exemplar, dedicado a "homens progressistas, curiosos e de mente aberta", traz textos em inglês e alemão, e é vendida por 50 euros (R$ 170).
O dinheiro arrecadado com a venda deste número especial será doado a projetos destinados aos pacientes afetados pelo vírus. Para o leitor, a revista é totalmente segura e não apresenta qualquer risco de contágio.
"Queríamos enviar uma mensagem contra o estigma porque depois de 30 anos de pesquisa, a medicação agora é muito boa, mas o estigma ainda é um peso para as pessoas que têm o vírus e isso pode ser visto em certos comentários sobre a nossa campanha. Alguns pensam que podem se infectar
com a revista, nos chamaram de assassinos, como se quiséssemos matar alguém", disse à Agência Efe Julian Wiehl, fundador e diretor da Vangardist.
Há muito tempo se sabe que o HIV morre com rapidez fora do corpo e só pode ser transmitido por contato direto com fluidos corporais, principalmente no sangue e no sêmen.
Além disso, para garantir a plena segurança para os leitores, os responsáveis da revista receberam orientação de médicos e cientistas das universidades de Harvard (Estados Unidos) e de Innsbruck (Áustria).
Os pesquisadores de Innsbruck esterilizaram o sangue e voltaram a analisá-la depois sem encontrar rastros de patógenos. A quantidade de sangue usada é simbólica, e segundo explica o diretor, a medida corresponde a uma unidade para cada 28 de tinta.
"Utilizamos muito pouco sangue. A cor vermelha nas letras da revista não é pelo sangue, mas sim pela tinta vermelha que foi misturada a ele", afirmou.
Wiehl acredita que esta campanha servirá para lutar contra os preconceitos que as pessoas com HIV positivo convivem diariamente e que leva muitas delas a se isolar socialmente e entrar em depressão.
"Os medos irracionais são o que nos freiam como sociedade, porque não têm nenhuma base e estão causando muito prejuízo as pessoas", comentou.
O tema desta edição é "Heróis do HIV" e a revista se apresenta dentro de uma embalagem metálica transparente lacrada.
"Romper o lacre da revista é uma forma de romper o estigma, e se você tem uma delas nas mãos e fala sobre isso é parte da solução", acrescentou.
Revista usa tinta misturada a sangue com HIV para publicação
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Oleh
Beth Medauar