Parasita presente em um piolho-de-cobra foi notado por uma bióloga portuguesa e recebeu o nome de Troglomyces twitteri, em homenagem à rede social
A bióloga portuguesa Ana Sofia Reboleira, professora associada ao Museu de História Natural da Dinamarca, estava apenas conferindo seu Twitter quando uma foto compartilhada pelo cientista norte-americano Derek Hennen, da Virginia Tech, chamou sua atenção. O que parecia ser apenas mais uma imagem de um piolho-de-cobra qualquer era, na verdade, o novo objeto de estudo da professora. Não o animal, exatamente, mas os pequenos pontos brancos que ele apresentava em parte de sua superfície (circulados em vermelho na imagem acima).
"Eu pude ver algo parecido com fungos na superfície do diplópode. Até então, esses fungos nunca haviam sido encontrados em diplópodes norte-americanos. Então, fui ao meu colega [Henrik Enghoff] e mostrei a imagem. Foi quando corremos para as coleções do museu e começou a procurar", conta Ana Sofia Reboleira, em comunidado à imprensa.
Durante a pesquisa no acervo do museu, os pesquisadores observaram a mesma marca em outros espécimes de vermes norte-americanos — algo que nunca haviam sido documentado antes. O achado confirmou a existência de uma nova espécie da ordem dos Laboulbeniales, ainda pouco conhecida, mas que inclui uma série de fungos parasitários que atacam principalmente insetos e diplópodes.
"Por causa de nossa vasta coleção de museus, foi relativamente fácil confirmar que estávamos, de fato, observando uma espécie inteiramente nova para a ciência", diz Reboleira. "Isso demonstra o quão valiosas são as coleções de museus. Há muito mais coisas escondidas nessas coleções do que sabemos." Espécimes encontradas no Museu Nacional de História Natural (MNHN) em Paris, França, também ajudaram os cientistas a comprovarem e descreverem a nova espécie.
Twitteri
Ainda pouco estudada, a ordem Laboulbeniales tem cerca de 30 espécies de fungos que atacam diplópodes, sendo que a maioria delas só foi descoberta depois de 2014.
Conhecidos por parecerem pequenas larvas, esses fungos parasitários costumam viver no exterior do hospedeiro. Na imagem acima, por exemplo, vemos os fungos atacando os órgãos reprodutivos de um piolho-de-cobra. Em geral, eles são capazes de perfurar a camada externa dos hospedeiros usando uma estrutra especial de sucção, por onde podem se alimentar enquanto projetam a outra parte de seu corpo para fora.
Em homenagem à rede social onde Reboleira encontrou a foto do fungo, a nova espécie foi chamada de Troglomyces twitteri. De acordo com os cientistas, essa é a primeira vez que uma descoberta semelhante é feita através do Twitter.SAIBA MAIS
"Até onde sabemos, é a primeira vez que uma nova espécie é descoberta no Twitter. Isso destaca a importância dessas plataformas para o compartilhamento de pesquisas — e, portanto, a obtenção de novos resultados", afirma Reboleira. "Espero que isso motive profissionais e pesquisadores amadores a compartilhar mais dados através da mídia social. Isso é algo que tem sido cada vez mais óbvio durante a crise do coronavírus, numa época em que tantos estão impedidos de entrar em campo ou em laboratórios."
O artigo sobre a descoberta foi publicado na última quinta-feira (14), na revista MycoKeys, e também contou com a participação do biólogo Sergi Santamaria, da Universidade Autônoma de Barcelona, na Espanha.
Ainda pouco estudada, a ordem Laboulbeniales tem cerca de 30 espécies de fungos que atacam diplópodes, sendo que a maioria delas só foi descoberta depois de 2014.
Conhecidos por parecerem pequenas larvas, esses fungos parasitários costumam viver no exterior do hospedeiro. Na imagem acima, por exemplo, vemos os fungos atacando os órgãos reprodutivos de um piolho-de-cobra. Em geral, eles são capazes de perfurar a camada externa dos hospedeiros usando uma estrutra especial de sucção, por onde podem se alimentar enquanto projetam a outra parte de seu corpo para fora.
Em homenagem à rede social onde Reboleira encontrou a foto do fungo, a nova espécie foi chamada de Troglomyces twitteri. De acordo com os cientistas, essa é a primeira vez que uma descoberta semelhante é feita através do Twitter.SAIBA MAIS
"Até onde sabemos, é a primeira vez que uma nova espécie é descoberta no Twitter. Isso destaca a importância dessas plataformas para o compartilhamento de pesquisas — e, portanto, a obtenção de novos resultados", afirma Reboleira. "Espero que isso motive profissionais e pesquisadores amadores a compartilhar mais dados através da mídia social. Isso é algo que tem sido cada vez mais óbvio durante a crise do coronavírus, numa época em que tantos estão impedidos de entrar em campo ou em laboratórios."
O artigo sobre a descoberta foi publicado na última quinta-feira (14), na revista MycoKeys, e também contou com a participação do biólogo Sergi Santamaria, da Universidade Autônoma de Barcelona, na Espanha.
Reprodução: Revista Galileu
Nova espécie de fungo é descoberta a partir de foto publicada no Twitter
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Oleh
Pedro Rios