sexta-feira, 2 de outubro de 2020

Setembro registra aumento de 180% de fogo no Pantanal e 60% na Amazônia

2020 é o pior ano para o Pantanal desde o início das medições do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em 1998; e o segundo mais dramático para a Amazônia desde 2010



Dados divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) na última quarta-feira (30) apontam que, em setembro deste ano, foram registrados mais focos de calor em comparação com o mesmo período de 2019. No Pantanal, o aumento foi de 180,7%, enquanto na Amazônia o crescimento chegou a 60,6%.

Comparando com a série histórica, as queimadas deste ano foram as mais severas para o Pantanal desde o início das medições, em 1998, com 18.259 focos de incêndio registrados. Já na Amazônia, 2020 é o segundo pior ano desde 2010.

"A gravidade da situação é, sobretudo, reflexo da política antiambiental do governo Bolsonaro que, apesar da previsão de um período mais seco no Pantanal, não empregou esforços para prevenir os incêndios", disse Cristiane Mazzetti, da campanha de Amazônia e gestora ambiental do Greenpeace Brasil, em declaração à imprensa. "Além disso, tem estimulado deliberadamente a impunidade e o crime ambiental, a partir do enfraquecimento da capacidade de fiscalização dos órgãos competentes como Ibama e ICMBio. Essa política desastrosa coloca em xeque o futuro ambiental e econômico do país."

Na Amazônia, grande parte das queimadas e dos incêndios florestais estão relacionados ao processo do desmatamento na região. Enquanto isso, no Pantanal, novas investigações apontam para origem criminosa dos incêndios em poucas fazendas, prática que é pontencializada pela pior seca das últimas décadas na área.

"De um lado, a crise ambiental que estamos vivendo agrava a emergência climática e pode intensificar a perda de biodiversidade", pontuou Mazzetti. "De outro, o aumento das queimadas, incêndios e desmatamento tem colocado o Brasil em maus lençóis com investidores e importantes relações comerciais, já que a cada dia está mais difícil garantir que os produtos brasileiros não estejam relacionados à destruição ambiental."

Os impactos econômicos da devastação ambiental que vem ocorrendo no Brasil já estão sendo sentidos. Na Cúpula da Organização das Nações Unidas de Biodiversidade realizada na quarta-feira (30), o presidente da França, Emmanuel Macron, reforçou que não assinará o Acordo entre União Europeia e Mercosul devido ao desmatamento na Amazônia.

Já o Reino Unido e a União Europeia estão discutindo legislações para controlar a entrada de commodities em seus países cuja proveniência possa estar ligada ao desmatamento. Além disso, a rede de supermercados ParknShop, de Hong Kong, China, anunciou que não comprará mais carne bovina da empresa JBS em decorrência do seu envolvimento com desmatamento.

"Ao invés de assumir a gravidade da crise ambiental no Brasil e direcionar esforços contundentes para resolver o problema, Bolsonaro se esquiva da sua responsabilidade nessa crise dizendo que as narrativas e os dados que indicam a destruição seriam falsos, além de atacar mais uma vez as ONGs", pontuou Mazzetti. "Os satélites, porém, não o deixam mentir e estampam nos números de focos de calor os efeitos dessa política desastrosa e do seu descaso com o meio ambiente."

Com informações do Inpe e da assessoria de Imprensa Greenpeace.

Reprodução: Revista Galileu

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Oleh

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