"É possível editar células humanas e infundi-las com segurança em pacientes; esse tratamento mudou totalmente a vida dessas pessoas", disse o hematologista Haydar Frangoul, do Sarah Cannon Research Institute. Ele é o médico que está acompanhando a primeira voluntária do estudo, a dona de casa e mãe de três crianças Victoria Gray.
A edição de genes tem sido usada principalmente na agricultura e foi, em uma ocasião eticamente questionável, responsável por criar bebês geneticamente “aprimorados”.
O caminho trilhado por cientistas da CRISPR Therapeutics e da Vertex Pharmaceuticals, ambas nos EUA, foi usar a técnica para editar um gene de células-tronco retiradas da medula óssea dos pacientes.
O trabalho consistiu em ativar a geração de hemoglobina fetal, produzida ainda no útero e que resulta em hemácias saudáveis. Quando o bebê nasce, o gene se desliga e, em pacientes com talassemia e anemia falciforme, o resultado é a produção de hemoglobina anômala, causando a deformação e a morte das hemácias, escassez de glóbulos vermelhos saudáveis, obstrução do fluxo sanguíneo, anemia, cansaço, dores e fraqueza.
Recriar do zero
Para receber as células-tronco editadas pelo CRISPR, os pacientes precisaram primeiro passar por uma etapa dolorosa: inúmeras rodadas de quimioterapia para destruir a maior parte de sua medula óssea (os efeitos colaterais do tratamento experimental somente foram registrados nessa fase).
Depois de todas as células-tronco que produziram a hemoglobina anômala serem destruídas, aquelas editadas foram infundidas nos pacientes para que se reproduzissem e fabricassem hemoglobina fetal.
Os pacientes foram acompanhados entre 6 e 18 meses. As células da medula óssea de Victoria Gray foram examinadas 6 meses e 1 ano depois de iniciado o tratamento (ela recebeu a infusão em 2 de julho de 2019). As células editadas ainda estavam no corpo dela, indicando que o CRISPR conseguiu alterar permanentemente seu DNA – um efeito provavelmente vitalício.
Segundo o estudo, publicado no The England Journal of Medicine, com os resultados do tratamento de Victoria e de um dos pacientes com talassemia, a forma fetal da proteína está compensando a hemoglobina adulta defeituosa originalmente produzida. "Isso nos dá confiança de que essa pode ser uma terapia única para a cura permanente", disse Samarth Kulkarni, CEO da CRISPR Therapeutics.
Para receber as células-tronco editadas pelo CRISPR, os pacientes precisaram primeiro passar por uma etapa dolorosa: inúmeras rodadas de quimioterapia para destruir a maior parte de sua medula óssea (os efeitos colaterais do tratamento experimental somente foram registrados nessa fase).
Depois de todas as células-tronco que produziram a hemoglobina anômala serem destruídas, aquelas editadas foram infundidas nos pacientes para que se reproduzissem e fabricassem hemoglobina fetal.
Os pacientes foram acompanhados entre 6 e 18 meses. As células da medula óssea de Victoria Gray foram examinadas 6 meses e 1 ano depois de iniciado o tratamento (ela recebeu a infusão em 2 de julho de 2019). As células editadas ainda estavam no corpo dela, indicando que o CRISPR conseguiu alterar permanentemente seu DNA – um efeito provavelmente vitalício.
Segundo o estudo, publicado no The England Journal of Medicine, com os resultados do tratamento de Victoria e de um dos pacientes com talassemia, a forma fetal da proteína está compensando a hemoglobina adulta defeituosa originalmente produzida. "Isso nos dá confiança de que essa pode ser uma terapia única para a cura permanente", disse Samarth Kulkarni, CEO da CRISPR Therapeutics.
Cura para outras doenças
Os resultados foram relatados em novembro, na última reunião da Sociedade Americana de Hematologia: os dez pacientes (três com anemia falciforme e sete com talassemia beta) continuam a apresentar níveis cada vez mais altos de hemoglobina fetal no sangue.
Esse progresso tem animado a comunidade científica a usar essa técnica para outras doenças, como no tratamento contra alguns tipos de câncer e em cegueira causada por falhas genéticas. Existem ainda planos de testá-la em tratamentos contra doenças mortais, como Aids e distúrbios cardíacos.
Os resultados foram relatados em novembro, na última reunião da Sociedade Americana de Hematologia: os dez pacientes (três com anemia falciforme e sete com talassemia beta) continuam a apresentar níveis cada vez mais altos de hemoglobina fetal no sangue.
Esse progresso tem animado a comunidade científica a usar essa técnica para outras doenças, como no tratamento contra alguns tipos de câncer e em cegueira causada por falhas genéticas. Existem ainda planos de testá-la em tratamentos contra doenças mortais, como Aids e distúrbios cardíacos.
"Os pacientes parecem estar curados, o que é simplesmente notável”, disse a bioquímica e bióloga americana Jennifer Doudna. Ela dividiu com a microbiologista e imunologista francesa Emanuelle Charpentier o prêmio Nobel de Química deste ano pelo desenvolvimento da tesoura genética CRISPR.
Reprodução: Tecmundo
CRISPR: doentes com genes editados estão a um passo da cura
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Oleh
Pedro Rios