Vencedor do Prêmio Shell de Educação Científica, professor carioca tem trajetória inspiradora contada em campanha
Fotos e vídeos comprovadamente facilitam o aprendizado de ciências nos Ensinos Fundamental e Médio, especialmente em disciplinas muito imagéticas, como a Biologia. No caso dos alunos com deficiência visual, a impossibilidade de usar esses recursos pode ser uma limitação. Mas não para o inovador professor carioca Roberto Irineu, que precisava ensinar para duas alunas cegas o funcionamento da membrana plasmática, estrutura que delimita todas as células vivas.
Professor de Biologia de uma tradicional instituição de ensino público do Rio de Janeiro, o Colégio Pedro II, Roberto criou um modelo tridimensional que oferece uma experiência tateável da membrana plasmática no laboratório. Materiais diversos ajudaram a criar o projeto a partir de ilustrações clássicas de livros. As alunas foram muito importantes na elaboração.
“Elas tocavam os materiais e iam dizendo o que estavam reconhecendo. Me diziam também o que poderia ser melhorado esteticamente. Da mesma forma, quais materiais eram os mais adequados a percepção”, conta Roberto.
Batizado como “Reperspectivando a inclusão: da vulnerabilidade ao protagonismo”, o projeto tornou Roberto um dos vencedores na edição 2019 do Prêmio Shell de Educação Científica. A ação reconhece professores das redes públicas dos estados do Rio de Janeiro e do Espírito Santo que desenvolvem metodologias inovadoras para o ensino de Ciências e Matemática.
“Não esperava ganhar. Não imaginávamos que nossa iniciativa ia ter essa extensão toda. Ver o Prêmio Shell de Educação Científica referendando o meu trabalho como educador me trouxe uma realização profissional muito grande”, relata.
Outro fruto da inovação foi despertar o desejo de compartilhar conhecimento e o apreço pela ciência nas duas alunas. Além de dar monitoria do projeto em outras unidades do colégio, elas querem que cada vez mais pessoas se beneficiem.
“As duas alunas ganharam bolsa de iniciação científica. Uma delas propôs levar o projeto para o Instituto Benjamim Constant (RJ), voltado ao ensino de deficientes visuais. Vamos levar a documentação e fazer essa interligação. A ideia é que as meninas apresentem os modelos aos alunos do instituto”, revela Roberto.
Assim como a educação, a disseminação da cultura da inovação é um dos pilares que movem a Shell, que com o prêmio reconhece o papel fundamental dos educadores nessa questão.
“É preciso reconhecer o esforço desse agente fundamental que é o professor. Sabemos como é difícil a jornada dele no Brasil, porque há um baixo índice de interesse pela profissão. O Prêmio visa reconhecer quem atrai o olhar do aluno de maneira inovadora”, pontua Leíse Duarte, assessora de Investimento Social da Shell Brasil.
Leíse ressalta que há muitos heróis da educação como Roberto pelo Brasil. “Temos professores que desenvolvem trabalhos maravilhosos, inclusive no interior. Só precisamos torná-los públicos e encorajar outros professores a desenvolverem projetos. Muitos não têm noção do quão poderoso é o seu trabalho.”
A história de Roberto é tão inspiradora que a Shell o escolheu como um dos protagonistas da campanha Energia que Vem da Gente, que destaca histórias de pessoas por trás dos projetos sociais e negócios da companhia.
A indicação do seu nome para protagonizar a ação veio de Igor Baiense, assessor de Comunicação da empresa e ex-coordenador da enABLE, a rede de afinidade para a inclusão de profissionais com deficiência da Shell. Igor descobriu uma doença degenerativa quando tinha oito anos de idade e contou com o apoio dos amigos, da família e do colégio em que estudou. Para absorver conteúdos imagéticos como os de Biologia, ele desenvolveu métodos próprios.
“Eu criava mapas mentais para interpretar o que estava no papel. Isso me obrigou a desenvolver mecanismos e atalhos para uma forma individual de aprendizado. Iniciativas como a do Roberto podem se alimentar de avanços da tecnologia, que vem sendo aprimorada. Um exemplo é a criação de pulseiras para orientação de pessoas com deficiência visual. Isso pode ajudar no processo de educação, inclusive em sala de aula”, conclui Igor.
Reprodução: Revista Galileu
Projeto de ensino da Biologia para estudantes cegos mostra importância da inovação
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Oleh
Pedro Rios