quinta-feira, 16 de abril de 2020

Cientistas descobrem causa do sumiço de abelhas

Não é aquecimento global nem Wi-Fi: combinação de pesticidas e fungicidas está contaminando o pólen coletado pelas abelhas



Você já deve ter ouvido falar sobre o sumiço das abelhas. Não é lenda ou teoria da conspiração: nos últimos seis anos nos EUA, mais de 10 milhões de colmeias foram dizimadas, causando um prejuízo de mais de US$ 2 milhões e danos incalculáveis ao ecossistema.

Além disso, a população norte-americana de Apis mellifera, a abelha europeia, bem comum no Brasil, é fundamental para a polinização das produções agrícolas e portanto é responsável por boa parte da comida que chega às nossas mesas.

Nos últimos anos, enquanto cientistas tentavam descobrir as causas da CCD (a sigla em inglês para o fenômeno, que é conhecido como Desordem de Colapso de Colônias), a internet nos brindou com citações falsas sobre o tema (uma, creditada a Einstein, diz "quando as abelhas desaparecerem da face da Terra, o homem terá apenas mais quatro anos de sobrevida") e com hipóteses mirabolantes para a tragédia ambiental, como que os sinais de Wi-Fi e de celular estariam confundindo o inseto.

Um novo estudo, no entanto, aponta que o que tem dizimado abelhas nos EUA é algo bem familiar ao nosso cotidiano e que é muito mais difícil de ser combatido. Realizado por cientistas da Universidade de Maryland e pelo Departamento de Agricultura dos EUA, ele identificou que uma combinação de pesticidas e fungicidas está contaminando o pólen coletado pelas abelhas para alimentar as colmeias.

Os pesquisadores descobriram que abelhas contaminadas com essa mistura se tornam muito mais vulneráveis a uma infecção por um parasita chamado Nosema ceranae, que é um dos maiores responsáveis por CCDs identificadas em outros momentos da história. O pólen analisado no estudo, coletado de colmeias na costa oeste dos EUA, estava contaminado com uma média de nove pesticidas e fungicidas, embora em um caso, os cientistas tenham encontrado 21 diferentes químicos agrícolas em apenas uma amostra.

Desses químicos, cerca de oito estão associados a maiores riscos de infecção das abelhas pelo parasita, de acordo com o estudo. Para ser mais preciso, abelhas alimentadas com pólen contaminado têm três vezes mais chances de serem infectadas pelo Nosema ceranae.

De acordo com os cientistas responsáveis pela pesquisa, as descobertas lançam uma nova luz sob a discussão do uso de pesticidas e fungicidas, da interação entre eles e das orientações que devem seguir nos rótulos dessas substâncias, já que a pesquisa também descobriu que os químicos estão contaminando inclusive espécies próximas aos locais onde os pesticidas estão sendo aplicados diretamente.

Reprodução: Revista Galileu

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Oleh

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